Nesta reflexão vou centrar-me nas
potencialidades das tecnologias utilizadas no apoio ao estudo, mais
concretamente nas dinâmicas de aprender a estudar/aprender, através de diversas
estratégias, onde as tecnologias podem ser integradas. Como base, seguirei o
programa de desenvolvimento de métodos e hábitos de estudo
O processo de aprendizagem desenvolve-se de
forma diferente em cada aluno/a. A falta e hábitos e de rotinas de estudo são
apontados como as principais causas do insucesso escolar. Para que haja sucesso
no processo de aprendizagem é importante que cada aluno/a desenvolva o
conhecimento (auto) de si próprio/a. "É importante que tenha consciências das
suas limitações e potencialidades e que, a partir desta reflexão, adopte as
suas próprias estratégias", como referem Silva e Sá (1997). A motivação, a
planificação, as condições ambientais e psicológicas para o estudo, o
tratamento de tarefas da informação escrita e oral e a realização de tarefas
escolares são referenciadas por Carita; Silva; Monteiro; Diniz (2006) como o
modelo de competências de estudo, que através de determinadas tarefas, levam ao
sucesso escolar.
Muito mais que memorizar conteúdos, o/a
aluno/a deve saber como potenciar a sua aprendizagem e como beneficiar de
determinadas estratégias que o/a vão auxiliar no processo de aquisição de
conhecimentos. Por vezes há o erro de abordar com os/as alunos/as apenas as
temáticas nas quais estes/as têm mais dificuldades, descorando pontos
essenciais como por exemplo, a organização e a planificação do trabalho. Essa
visão é redutora pois os/as aluno/as pode tão-somente aprender a reproduzir o
conteúdo, sem que este seja, efectivamente, aprendido.
No âmbito do apoio ao estudo, o/a professor/a ou o/a técnico/a responsável, pode desenvolver diversas estratégias onde pode implicar o uso da tecnologia.
As tecnologias provocaram grandes
transformações e mudanças na sociedade industrializada. Nesse sentido, ensinar
e aprender ficaram fortemente ligadas à tecnologia. Hoje em dia os/as alunos/as
vivem num mundo conectado e tecnológico. Utilizam os mais variados dispositivos
tecnológicos comunicar e socializar. Respiram tecnologia (apesar de nem sempre
fazer um uso eficiente e eficaz da mesma e de terem níveis de literacia digital
e da informação inferiores ao expectável, como referem alguns estudos).
É do senso comum que as tecnologias são
vistas como meios distratores do estudo (na medida em que os computadores, por
exemplo, são usados como máquinas de jogos ou para estar em contacto com
outros/as jovens) e é esta visão redutora que deve ser aniquilada/desmistificada,
ou melhor, deve passar de uma ameaça a uma oportunidade.
Os contextos de aprender a aprender, ou seja,
de apoio escolar, podem beneficiar com a integração/implementação das
tecnologias. Integrar as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) no
programa de desenvolvimento, organização e planeamento beneficia a aprendizagem
na medida em que, como refere Ponte (1991), a "utilização das TIC é, desde logo, um elemento de motivação que atrai
a atenção dos alunos". Assim sendo, e porque a motivação é imprescindível
para o sucesso, a tecnologia deve ser aliada ao apoio ao estudo. Devemos
aproveitar o interesse nato que as tecnologias despertam para alcançar o fim
pretendido: a aprendizagem.
Silva e Sá (1997) referem que "a dificuldade
de planeamento, e a falta dele, é um dos principais problemas no que refere às
práticas dos métodos de estudo". Desta forma, através da tecnologia, o/a tutor/a
/ professor/a pode auxiliar o/a aluno/a na elaboração de uma calendário ou de uma
planificação, por exemplo no calendário do Google, em que podem ser adicionados
os lembretes, podendo ser acedido em diversos dispositivos tecnológicos. Também
podem ser desenvolvidos mapas de tarefas em ferramentas de edição de texto ou
em folhas de cálculo (dupla competência: exploração da ferramenta e aplicação
da metodologia).
Na questão do auto conhecimento, essencial
para que o/a aluno/a tenha percepção das suas dificuldades, pode ser proposto a
criação de um blog, em que o aluno/a crie um “diário” de dificuldades e as
consiga superar através das pesquisas efectuadas sobre os conteúdos (apoio à
organização da informação). O blog pode também funcionar como uma ferramenta
colaborativa em que seja potenciada a aprendizagem entre pares.
O/a professor/a/tutor/a através de uma
análise feita ao perfil do/a aluno/a, pode verificar qual a forma mais eficaz e
eficiente deste aprender e, encontrar diversos recursos digitais (como
apresentações, vídeos e áudio) e até incitar à criação dos mesmos por parte
dos/as alunos/as. Neste caso abre-se o leque de ferramentas tecnológicas a
utilizar. Pode ainda criar uma plataforma de comunicação, por exemplo um blog,
que permita ao/à aluno/a expor as suas dúvidas e clarificar ideias sobre
determinado conteúdo.
Em guisa de conclusão, são várias as formas
de utilizar a tecnologia no contexto do apoio ao estudo. O importante, neste
caso, é centrar as questões no/a aluno/a, o foco principal da aprendizagem,
negociar com ele/ela as ferramentas a utilizar, permitindo um contacto rico com
a tecnologia, com a qual este se identifica e é “fervoroso consumidor”. Conseguir
formas de abordar os conteúdos com que o/a aluno/a se sinta confortável é um
grande passo para o sucesso.
Estanqueiro, A. (2008). Aprender a
Estudar. Lisboa: Texto Editores.
Ramos, Altina (2005), Integração Curricular das TIC,
Universidade do Minho http://hdl.handle.net/1822/6914
Silva, A. L., & Sá, I. d. (1997). Saber
estudar e Estudar para Saber. Porto: Porto Editora.
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