sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Comunidades de Aprendizagem


A educação a distância é caracterizada pela distância física e temporal nas interacções entre professor e alunos. Antes do aparecimento das tecnologias digitais, a interacção entre alunos não era contemplada. Com o aparecimento da internet, a educação a distância entrou numa nova etapa, como refere Moore.
Com esse advento surge o conceito de educação online, que trouxe uma nova dimensão à educação a distância. Nesta nova fase, os/as alunos/as começaram a interagir uns com os outros, a formar as comunidades virtuais, em que discutem entre si os mais variados conteúdos. De certa forma, pode considerar-se que as discussões nas comunidades virtuais têm riqueza similar às que ocorrem em regime presencial.
Essa discussão em torno dos conteúdos vem fomentar e promover a aquisição do conhecimento.
As comunidades de aprendizagem, em contexto educativo, formam-se com o intuito de promover o debate sobre as temáticas da aprendizagem. Fazem-se sobretudo em fóruns, comunicação assíncrona, e chats, comunicação síncrona.
Porém, surgem várias questões:
  • Nas comunidades de aprendizagem, as discussões em torno de determinada temática proporcionam aprendizagens producentes ou contraproducentes?
  • Formam-se de facto conhecimentos credíveis?
As discussões em torno de determinados temas e conteúdos valem-se de opinião e interpretação pessoal de cada um sobre determinado tema. Ocorrem enganos, surgem, boatos e criam-se falsas verdades que por vezes são difíceis de desmistificar. A moderação é, neste caso, um ponto imprescindível para a credibilidade da informação vinculada.
Surge então a questão: as comunidades de aprendizagem são ou não são rentáveis?
  • Qual o papel do/a professor/a na dinamização das mesmas?
  • Criar discussões salutares e credíveis;
  • Moderar a discussão;
  • Apoiar ao/as alunos/as na busca do conhecimento.
A presença do/a professor/a na comunidade é fundamental para a sobrevivência da mesma. Este/a deve estar atento às interações e atuar de forma subliminar, deixando que o protagonismo das discussões aos/às alunos/as.
Woodruff (2002) refere quatro fatores de coesão relativamente às comunidades, na perspetiva da aprendizagem:
  • comunidade;
  • identidade;
  • participação discursiva;
  • valores partilhados.
Estas funções são a chave para a continuidade das comunidades de aprendizagem.
A intensidade das relações e das discussões entre os membros são factores de preponderantes para o sucesso do/a aluno/a. O/a aluno/a, enquanto aprendente individual, pode ter mais dificuldades na elaboração do seu conhecimento sendo a comunidade um centro de auxilio à construção da aprendizagem.
Saber +
Wallace, R. (2003) -Aprendizagem Online na Educação Superior: uma Revisão da Investigação sobre as Interacções entre Professores e Estudantes

Conceção de conteúdos e aprendizagem autónoma


Os materiais e conteúdos para auto-estudo devem ser conter estratégias que:
  • Despertem o interesse pelos temas propostos;
  • Motivem para a auto-aprendizagem e para o conhecimento;
  • Estimulem a curiosidade pelo saber mais, tanto sobre o tema proposto como por outros que se correlacionem.
O sucesso da aprendizagem consegue-se através de uma simbiose entre formador/a, formando/a e conteúdo. É importante construir conteúdos com os quais os indivíduos se identifiquem e que, a partir daí, consigam desenvolver o seu próprio processo de aprendizagem. Para tal, nos conteúdos deve estar subjacente a criação de esquemas e processos mentais que potenciem o processo de a aprendizagem.
Tal como no marketing, em que se criam necessidades de consumo, também na educação/formação, de uma forma mais subliminar, deve contemplar-se este aspeto, criando a necessidade e o desejo de aprender. Assim sendo, os conteúdos devem criar a necessidade de saber mais e despertar consciências.

Aula Invertida

O projecto 3as com TEA (Tablets no Ensino e Aprendizagem), promoveu uma sessão sobre a aula invertida.
A sessão, dinamizada por Ana Amélia Carvalho, Professora Catedrática da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade de Coimbra, abordou a temática da “Aula invertida e as tecnologias emergentes: envolvimento dos alunos na aprendizagem”.
Veja a sessão que disponibilizada pelo projecto. 

Aprendizagem Invertida


A educação do século XXI pressupõe uma eficiente e eficaz utilização das tecnologias digitais da informação e da comunicação em contextos escolares, não como fim, mas como um meio para alcançar a aprendizagem.


A integração de metodologias educativas que vão ao encontro deste pressuposto e das necessidades de aprendizagem dos/as alunos/as, nativos/as digitais, consumidores natos de tecnologias no seu dia a dia, são um meio para o sucesso na aprendizagem.
Aprendizagem invertida, sala de aula invertida ou aula invertida são sinónimos utilizados quando se pretende inverter a metodologia de aprendizagem no ensino tradicional.
Nesta metodologia inverte-se a forma como o/a aluno/a aprende. A aprendizagem é feita de forma activa, com uma forte componente tecnológica, baseada  na diferenciação pedagógica, promovendo o envolvimento do/a aluno/a no processo de aprendizagem.
O conceito de aprendizagem invertida vai para além da criação de vídeos para serem vistos pelos alunos/as fora da sala de aula. A metodologia prevê uma série de pressupostos pedagógicos que vão ao encontro das necessidades de aprendizagem dos/as aprendentes.
Veja o vídeo para conhecer a metodologia.

Distância Transacional

A principal característica da educação a distância é a separação física e temporal entre aluno/a e professor/a. A forma como essa distância afeta a aprendizagem está ligada à menor ou menor distância transacional. Esta mede o envolvimento dos/as estudantes a distância, nos cursos que frequentavam. Este conceito surgiu na educação a distância através de Moore, em 1980.

Na educação a distância, a distância não se resume apenas ao espaço e ao tempo, mas também à distância psicológica:
  • Relação entre alunos e professor;
  • Relação entre alunos e conteúdos, e;
  • Relação aluno/a e aluno/a.
A distância transaccional é constituída por três dimensões:
O diálogo, a estrutura e a autonomia.
Dialogo, refere-se à interação existente entre aluno/a e professor/a;
Estrutura, prende-se com a forma como a estrutura do curso ou disciplina são disponibilizados ou organizados, e
Autonomia do estudante, ou seja, a sua predisposição e motivação para o auto estudo e a forma como este a controla.
Em termos de diálogo, quanto mais pequena for a distância transacional, isto é, a interação entre o ambiente, os indivíduos e os seus comportamentos, maior será o envolvimento do/a estudante. O reverso ocorre quando são disponibilizados uma maior quantidade de recursos, isto é, estrutura. Neste caso, a distância transacional aumenta pois não há necessidade de interação alcançar a aprendizagem.
Depende do/a professor/a a gestão da distância transacional que quer atribuir a determinado curso ou disciplina. O/a professor/a pode:
  • Ser mais ou menos presente;
  • Conceber todos os conteúdos ou dar apenas tópicos de análise para que este construa sozinho o conhecimento;
  • Disponibilizar ferramentas que possibilitem ao aluno estar em maior contacto e interagir com a comunidade de aprendizagem;
  • Estimular a participação em discussões com os grupos;
  • Disponibilizar apenas os recursos, tendo o/a aluno/a que gerir o auto-estudo.
Como refere Moore, o importante não é suprimir a distância transacional mas em utiliza-la eficientemente em relação aos/as alunos/as, aos conteúdos e ao meio utilizado.
O equilíbrio é a melhor receita para gerir a distância transacional. Tal como na educação a presencial, o/a professor/a está perante um grupo de estudantes, constituído por indivíduos com diferentes características psicológicas, motivações, necessidades educativas e capacidade de aprendizagem. A forma de diálogo, de estrutura e de autonomia do/a aluno/a deve ser tida em conta quando se constrói um plano para determinada disciplina ou curso. É, por isso, necessário contemplar as diferenças, nunca esquecendo que o/a aluno/a é o centro de todo o processo de ensino/aprendizagem.
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Recursos: Wallace, R. (2003) -Aprendizagem Online na Educação Superior: uma Revisão da Investigação sobre as Interações entre Professores e Estudantes.